Pandemia, uma reflexão sobre medo, luto e saudade.
Quem diria que as coisas chegariam a esse ponto?
Meses atrás, se um viajante do tempo nos contasse,
Certamente o chamaríamos de louco, sem razão.
Mas a realidade nos ensina, a cada instante,
Que o improvável é apenas uma porta entreaberta,
Por onde o inesperado entra, sem pedir licença.
O isolamento nos sufoca,
O excesso de informação, uma avalanche desconexa,
Verdades misturadas ao falso,
Política, pandemias, cansaços sobrepostos.
Vivemos em meio a isso, alguns em festa,
Outros no ofício necessário, uns poucos em casa,
E nas entrelinhas da crise, uma janela à reflexão.
Começamos simples, evocando memórias.
O sol acariciando a pele,
O mar em murmúrios constantes,
O canto dos pássaros num dia de verão.
E, pouco a pouco, mergulhamos em nós mesmos,
A meditação floresce no silêncio.
Somos pequenos, frágeis,
Mas vivemos como se a morte fosse uma lenda distante.
Pensar no fim assombra muitos,
Mas será que precisa ser tão denso, tão pesado?
Para mim, essas reflexões trazem um alívio discreto,
Mostram que o controle, afinal, é ilusão.
Não temos domínio sobre tudo,
Apenas sobre o que fazemos e como esperamos.
A chave talvez seja aprender a conviver com o eu,
Pois, no final, as coisas só nos afetam se as deixarmos entrar.
Epíteto, sábio estoico, já nos ensinava:
"Queres ser livre? Há um só caminho:
Despreza o que não depende de ti."
E em outra de suas máximas dizia:
"Se a morte vier, que venha na sua hora.
Mas, se a hora não é agora, vou comer,
Pois a fome é o que sinto."
Relembrar minhas viagens,
Explorar as cidades,
Absorver as histórias e os detalhes,
Esses são os momentos que prezo.
E em dias calmos,
Em silêncio, recordo quem pude ajudar.
No fim, não é a pobreza, o desterro,
O cárcere ou a morte que devemos temer.
O verdadeiro inimigo é o medo em si.